Cena que me chamou à atenção: o marido dirigindo, a mulher no banco do passageiro da frente e três crianças no banco de trás do carro. Só percebi a cena pelos gritos de uma criança e o choro da outra enquanto a mãe, sem o cinto de segurança, tentava virar para trás e dar uns safanões no mais velho. O marido, certamente irritado com a situação, tentava acabar com a bagunça aos berros.
Quem já não presenciou uma cena dessas no trânsito?
Outra coisa comum de se ver são casais discutindo enquanto um deles dirige numa sessão DR (discutir a relação) ou lavação de roupa suja no trânsito. A verdade, é que essas são situações que comprometem muito a segurança não só do casal, mas também das outras pessoas. Nervoso, o motorista se distrai facilmente, perde o foco, a concentração, se desestabiliza emocionalmente e corre o risco de acelerar demais, furar o sinal vermelho, provocar uma colisão traseira ou mesmo atropelamentos.
Os motoristas do século XXI já estão estressados demais e utilizam o trânsito como válvula de escape para despressurizar as suas frustrações. Brigou em casa com a mulher? Desconta no trânsito seja pisando mais forte no acelerador, xingando o outro motorista, "fechando" o outro carro ou a outra moto.
Se discutir, bater boca, deixar o outro irritado em qualquer situação na vida a dois já é ruim, imagine ao volante! Além de transformar num sofrimento um passeio que tinha tudo para ser bacana, legal, um momento feliz com a família, aumenta (e muito!) o risco de acidentes.
Um acidente deste tipo que virou notícia foi a briga de um casal dentro de um carro em movimento, na Avenida Vicente Machado, na região central de Irati, no Paraná. Quando se aproximavam da via férrea a discussão entre marido e mulher esquentou. A mulher estava ao volante e acelerou, mas o marido, irritado, puxou o freio de mão. O carro rodopiou desgovernado na avenida e invadiu um prédio público.
O fato é que, independente de quem esteja ao volante, muitos casais saem de casa apressados, já estão atrasados e ainda tem que levar as crianças no colégio. Muitos continuam dentro do carro a discussão que começaram na noite anterior.
O ideal é que todo mundo dirigisse tranquilo, calminho e sem preocupações, mas nem sempre é assim. O casal discute, briga e sobra para quem? Para o motorista do carro da frente, para o pedestre, o ciclista, o idoso, o motorista de ônibus e para quem mais estiver pelo caminho.
Casal discutindo dentro do carro aumenta o risco de acidentes, além, claro, do agravamento do estresse e da crise conjugal causada por uma discussão doméstica ao volante.
Alguns mais resistentes desenvolvem a surdez seletiva às reclamações do carona, mas outros socam o volante ou quase arrancam a alavanca de marchas como forma de despressurizar a raiva.
Piadas e brincadeiras sobre o modo como o marido ou a esposa dirigem também podem detonar um acesso de raiva ou mesmo um ataque de fúria que vai desencadear a agressividade ao volante e até uma briga de trânsito fruto da desatenção e do descontrole emocional do motorista.
O fato é que já temos agressividade demais no trânsito e não precisamos que casais em pé de guerra piorem a situação.
Conviver no trânsito nas grandes cidades está cada vez mais difícil justamente porque os comportamentos dos motoristas em via pública vêm servindo de gatilho e de válvula de escape para as suas frustrações, inclusive no casamento.
Dizem que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas, se a discussão começa ou continua dentro do carro, definitivamente, em briga de marido e mulher não se deveria envolver o volante.
Fonte Portal do Trânsito
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