O total de estoques de veículos nos pátios das montadoras e nas concessionárias atingiu, em março, o maior nível desde novembro de 2008, logo depois que estourou a crise de crédito internacional. O volume de veículos armazenados, de acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), chegou ao correspondente a 48 dias (tempo necessário para a comercialização no ritmo atual de vendas), bem mais que os 37 dias registrados em fevereiro, e pouco abaixo da marca recorde de 52 dias do fim de 2008.
Embora as montadoras tenham reduzido em 3,6% a produção em março, na comparação com fevereiro – com a fabricação de 271,2 mil unidades –, o setor comercializou, no mês passado, apenas 240 mil veículos zero-quilômetro no mercado interno, retração de 7,1% em relação ao mês anterior. A performance do setor foi bem mais fraca que há 12 meses. A fabricação e as vendas ficaram menores, respectivamente, 17,6% e 15,2%, frente a março de 2013.
Também houve diminuição expressiva das exportações. A indústria vendeu ao Exterior, no mês passado, apenas 23.408 unidades, 18,8% menos que em fevereiro. No primeiro trimestre, as encomendas encolheram 32,7% ante igual período de 2013.
O presidente da Anfavea, Luiz Moan, avalia que há motivo de preocupação com o patamar atual de estoques. Isso já leva indústrias como General Motors, Ford e Mercedes-Benz a anunciarem parada na produção de suas plantas no Grande ABC, com folga ou férias coletivas aos funcionários.
Moan justifica o desempenho fraco das vendas, em parte por causa do Carnaval, que neste ano caiu em março, e pelo fato de ter sido o primeiro mês sem a influência da comercialização de carros faturados pelas revendas em dezembro com o IPI menor. Em relação a março de 2013, ele assinala que, naquele mês, muitos consumidores anteciparam suas compras, já que, em abril do ano passado, a alíquota do IPI teria elevação.
Apesar do desempenho fraco do setor, que apresentou, no primeiro trimestre, vendas 2,1% menores que no mesmo período de 2013, a Anfavea manteve suas projeções. A entidade prevê crescimento de 1,1% nos emplacamentos e de 1,4% na produção em 2014.
Perspectiva
Moan ainda acredita em reação do mercado e, para isso, espera que o leasing ajude a dar impulso nas vendas. Nessa modalidade, os bancos permanecem com a propriedade do veículo até a quitação da compra, o que permite às instituições financeiras oferecerem juros menores aos clientes.
Porém, o sistema financeiro tem sido conservador na disponibilização de recursos para empréstimo, diz o especialista em gestão automotiva da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Valdner Papa. "Falta crédito novo", avalia. O presidente da Anfavea salienta que, embora o financiamento de veículos esteja estagnado, a inadimplência caiu para o menor nível dos últimos 30 meses, de 5,1%, o que serve de estímulo para a concessão de crédito.
Na área de caminhões, Moan também tem expectativa favorável, com a retomada pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) do modo simplificado do PSI-Finame, que financia veículos pesados a juros a 6% ao ano. O segmento de caminhões no primeiro trimestre amarga queda de 11,3% nas vendas, e a expectativa é de reação no mercado. "Tenho a convicção de que o reflexo será imediato", disse.
Por sua vez, no campo externo, acordo firmado no sábado (dia 29) entre os governos do Brasil e da Argentina deve permitir restaurar o fluxo de comércio entre os dois países já neste mês. Essa também é questão importante: 59% das exportações de caminhões de São Bernardo se destinam a esse país.
Salão Auto Caixa deve estimular vendas, avalia associação
Para o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, outro fator que pode ajudar a estimular as vendas de carros zero neste mês é o Salão Auto Caixa. O evento, promovido pela Caixa Econômica Federal em parceria com o Banco Pan, será realizado dos dias 10 a 12.
A ação ocorre simultaneamente em todos os Estados (exceto o Acre) e no Distrito Federal, com a participação de 1.470 concessionárias, de 34 marcas. Durante esse período, o cliente do banco pode adquirir o veículo (carro ou moto), novo ou usado, com taxas a partir de 0,93% ao mês e prazo para pagamento de até 60 meses.
A Caixa vai oferecer crédito pré-aprovado para 4 milhões de clientes (de 12 milhões de pessoas com conta na Caixa), para fazerem aquisições durante o evento. A lista de concessionárias participantes está disponível no endereço www.salaoautocaixa.com.br, no qual os interessados podem fazer consultas por Estado, cidade, bairro e marca do veículo, e conferir o brinde oferecido.
Fonte: Diário do Grande ABC
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